O Futuro do Campo....
Quatro fatores para que o jovem permaneça no campo: estudo, aperfeiçoamento, incentivo dos pais e políticas públicas.
Estou vinculado a quinze anos com uma grande empresa da área de agronegócios em SC. Presto consultoria na formação de equipes de jovens talentos, num trabalho de pesquisa, principalmente direcionado aos filhos de produtores que estudam em colégios e escolas técnicas agrícolas. Por isso, procuro acompanhar o dia a dia dos problemas do campo. E me preocupa se o rumo que o segmento tomou no Brasil continuar.
O poder aquisitivo gerado pelos produtos agricolas equivale a um quinto do que era a quarenta anos, se fizermos o ajuste pela inflação, enquanto o poder aquisitivo dos produtos manifaturados é de um quarto. A diferença é que os produtos manufaturados estão decaindo com maior rapidez do que os agrícolas. Isso é uma inversão de valores que não vejo nenhum candidato comentar.
Quanto a geração de empregos da agricultura, os dados internacionais são mais convincentes ainda. Nos EUA, em 1920 mais de 30% da população trabalhava na agricultura, hoje só 3%. Na França, era 40% da população após a Segunda Guerra, hoje é de 3%. No Japão, era 60% da população após a Segunda Guerra, hoje é de 3%. E no Brasil? Esse é um dos problemas do Brasil: nós ainda somos primordialmente exportadores de produtos agricolas. Mas falta política pública para a situação.
Estamos vivendo as caracteristicas da chamada terceira revolução. É o momento da mudança que a sociedade chama de ordem demográfica está promovendo. Estou na expectativa do que o censo 2010 vai nos mostrar. Nos países desenvolvidos, com excessão dos E.U.A, Austrália, e Canadá - a proporção de jovens na população em geral vem desaparecendo. E mesmo nestes três países, o único motivo de os jovens estarem crescendo é a imigração maciça que existe lá, mas a previsão é que a partir de 2.020 também diminuirá.
No Brasil além dos jovens estarem também desaparecendo o grande número deles estão nas áreas urbanas, reduzindo cada vez mais o interesse pelo campo. Estou desenvolvendo um programa de formação do jovem estudante para o mercado de trabalho, em parceria com a EstágiosCIN de Santo Antº da Platina e a ACEAD de Andirá (PR), e a maioria dos jovens que assistem mensalmente as nossas palestras são filhos de pais que emigraram do campo para a cidade. Se houvesse os fatores que cito acima, fixá-los no campo não poderia ser um fator decisivo para geração de empregos?
Uma terceira caracteristica relevante da nova sociedade em todos os países desenvolvidos e em muitos países em desenvolvimento, inclusive no Brasil, é o surgimento de uma força de trabalho baseada no conhecimento, que Peter Drucker chama de knowledge workers, ou seja "trabalhadores do conhecimento". É o grupo que mais cresce na população economicamente ativa. Muita gente acha que são profissionais que fazem mestrado, doutorado. Não! Nada disso. São principalmente os técnólogos do conhecimento. A esperança está em instituição como o SENAR faz um trabalho admirável, e o SESCOOP que tem um programa de formação de líderes no campo. É hora de parcerias para que programas dessa natureza se expandam cada vez mais.
Em termos de agricultura vemos muitos colégios agrícolas incentivando os filhos dos produtores a se formaram técnicos agricolas e eu me pergunto: com esta política agrícola do governo (ou a falta dela), qual será o futuro deles?
Luiz Antonio Silva, palestrante, consultor de rh e facilitador do Sebrae-SC por dez anos.
www.pharol-rh.com.br
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